Que a obesidade pode ocasionar problemas físicos de saúde, como hipertensão, diabetes, dores nas articulações, apneia do sono, entre outras, nós já sabemos, mas uma dor com que a pessoa obesa sofre e, muitas vezes, tenta mascarar é a psicológica.

Os estigmas, preconceitos e baixa autoestima, frequentemente são vivenciados com intenso sofrimento pelo obeso e então, a ideia de que ter um corpo magro acabaria com todos os seus problemas, também é bastante frequente.

É certo que a melhoria na qualidade de vida conquistada com a perda de peso pode ser bastante significativa. Alguns apelidos estigmatizantes e situações desagradáveis como não conseguir sentar na cadeira do cinema, poderão ser evitados, mas está longe de ser a solução para todos os problemas.

Um exemplo de preconceitos sofridos pelo obeso e a falsa ideia de que um corpo magro eliminaria todos os seus problemas e o tornaria feliz, está no filme “O professor aloprado” que conta a história de um professor universitário Sherman Klump, vivido pelo ator Eddie Murphy que possui grandes conhecimentos de genética, mas que sempre é ridicularizado por ser extremamente gordo. Porém, quando recebe uma atenção especial de uma bela e jovem professora de matemática Carla Purty, interpretada pela atriz Jada Pinkett, ele decide ingerir um experimento ainda em fase de testes, que altera a cadeia de DNA e faz com que se transforme em um jovem esguio, Buddy Love. A partir de então, Sherman passa a levar uma vida dupla, pois o experimento tem um efeito que dura pouco tempo, voltando, então, ao seu corpo obeso.

As diferenças entre as duas personalidades do professor Sherman são gritantes. Quando está em seu corpo obeso ele anda de cabeça baixa, passa suas horas livres sozinho dentro de casa, assistindo a programas de ginástica na televisão e comendo uma quantidade exagerada de doces. Sente-se atraído pela bela professora de matemática, mas não consegue se declarar para ela.

Já no corpo magro, com o codinome Buddy Love, que é bastante sugestivo, ele se sente livre para amar, ser sociável, alegre e se envolver com várias mulheres. Mas, com esse corpo magro ele se dá o direito de desrespeitar as pessoas e então apesar de conseguir ter encontros com Carla faz com que ela se decepcione cada vez mais, com o jovem bonito, magro, engraçado, galanteador, mas que a desrespeita e mantém atitudes estranhas.

Somente quando o segredo do experimento é revelado, Carla entende os fatos estranhos que vinham acontecendo, Sherman declara seu amor por ela e ela também revela estar apaixonada por Sherman e não por Buddy Love.

Um corpo magro trás a possibilidade de melhor qualidade de vida e de se evitar algumas doenças causadas pela obesidade, mas não é sinônimo de felicidade nem de todos os problemas resolvidos. A felicidade, alegria e aceitação das outras pessoas só virá com o autoconhecimento, readaptação ao mundo externo, aceitação da nova condição física e reestruturação do aparelho psíquico.

estir a máscara da aceitação de um corpo acima do peso, não evita o desejo de um corpo magro e sadio, mas falsas expectativas em relação ao novo corpo também não são saudáveis.