Bolinha, fofo, rolha de poço, baleia, Nhonho, bolo fofo, hipopótamo, pançudo, saco de banha, bujão…  Quem não conhece um apelido nada carinhoso para tratar aquele amigo gordinho?

Pois é, são muitos.

Mas a obesidade não vem acompanhada apenas de apelidos. Assim como muitas doenças, ela também é acompanha de estigma e com o agravante por ter sua origem atribuída frequentemente ao próprio obeso, assim ele é visto como preguiçoso e sem força de vontade suficiente para transformá-la.

O obeso enfrenta, então, além das comorbidades ocasionadas pelo excesso de peso, a redução da autoestima. É comum que a pessoa acima do peso não se sinta bem com seu corpo, com as roupas que veste, com a dificuldade para realizar tarefas limitadas pelo seu corpo, com a dificuldade para resistir à comida, não poder escolher a pessoa com quem irá se relacionar afetivamente pelo medo da rejeição e até mesmo a negação da infelicidade com o excesso de peso ou obesidade.

Todas essas autocobranças já seriam suficientes para rebaixar sua autoestima, mas ainda é preciso enfrentar as cobranças externas, como a dificuldade para conseguir um emprego, a dificuldade para passar na catraca do ônibus e a falta de poltronas adaptadas nos aviões, cinemas, teatros e outros lugares públicos, dificultando a vida social.

Apelidos, estigmas, insatisfação pessoal, autocobranças, cobranças externas, tristeza, raiva, solidão, mais comida para compensar tantos sentimentos ruins e consequentemente mais aumento do peso.  

Gostar de si mesmo, autoconfiança e sentir-se merecedor de coisas boas ficam cada vez mais distante da realidade da pessoa que está acima do peso ideal. Por isso é frequente encontrarmos nessas pessoas não só as doenças físicas, mas também as emocionais, como a depressão, ansiedade e dificuldades de relacionamentos sociais.

Ou seja, a pessoa com sobrepeso ou obesidade não precisa apenas perder peso, mas aceitar sua condição física e emocional. Digo aceitar, pois é normal uma posição de negação diante da situação tentando diminuir suas angústias e ao mesmo tempo negligenciando sua necessidade de ajuda.

Encarando tudo isso de frente a pessoa poderá iniciar a nova dieta com maior probabilidade de sucesso, cuidando-se completamente. Realizando não só um tratamento clínico medicamentoso ou uma cirurgia bariátrica, mas cuidando do emocional que tanto abala sua autoestima. Com isso a fuga pela comida será menor, facilitando a adesão à atividades físicas e à reeducação alimentar, bem como enfrentar  a nova fase de emagrecimento e a aceitação de um “novo” corpo.